quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Admirável Mundo Novo


O livro Admirável Mundo Novo é uma ficção de Aldous Huxley publicado em 1932 pela editora Globo. O livro trata de uma sociedade futurista, onde os bebês são projetados geneticamente conforme a necessidade. São divididos por castas, não existe o conceito família, o consumo é elevado, o apego entre as pessoas não acontece e os problemas são resolvidos com apenas um comprimido, ou melhor, uma droga chamada “soma”. Uma sociedade perfeita.

Os bebês quando nasciam de forma genética eram separados por castas (classes), funções e capacidades. Os mais inteligentes eram os Alfas que usavam a cor cinza, em seguida os Betas com a cor amora, depois Gamas com a cor verde, os Deltas usavam a cor caqui e por último os Ípsilon que usavam preto. Sendo que as três últimas castas eram submetidas a um processo chamado Bokanovsky. Esse processo consistia basicamente em uma série de interrupções na criança, onde parte do seu desenvolvimento e capacidades intelectuais era retirados, fazendo-os trabalharem e consumirem sem reclamar por toda a vida.

Nesse mundo, o ser supremo para eles é Henry Ford, “Oh Ford”, ou “Nosso Ford”, a todo o momento era dito por eles. Em admirável Mundo Novo, todos são condicionados a viverem em harmonia, e de fato esse mundo funciona, pois quando pequenos eles escutam todos os dias, várias vezes por dia, frases como “Cada um pertence a todos” , “Mais vale destruir que conservar”, “Quanto mais se remenda, pior fica”, isso fazendo eles sempre consumirem bastante e tornando tudo muito convincente. Família, casamento, união entre duas pessoas, pai, mãe, são palavras nojentas, ignoradas por eles. Desde a infância jogos eróticos são estimulados e tratados como um assunto normal. O amor, o apego é mau visto pela sociedade, por isso ficar com a pessoa muito tempo seria um comportamento anti-social. Nesse caso, citamos uma personagem do livro, Lenina Crowne uma Beta-Mais que estava há quatro meses com Henry Foster um Alfa, na opinião da sua melhor amiga Fanny Crowne uma Beta, era melhor ela dar um tempo e sair com outro cara, pois poderia “pegar” mal se os visem muito tempo juntos.

Um mundo muito organizado, controlado e admirado. Todos eram felizes, eram programados a serem felizes, a consumir excessivamente, a não gostarem da natureza e a tendência para utilizarem o transporte através de um choque que ganhavam quando bebês, as emoções eram cortadas, todas as sensações de amor e paixão banidas, qualquer tipo de relacionamento não existia porque eles não sabiam que poderia existir. Para qualquer problema, depressão, frustração, tristeza, era só tomar o “soma” que passava, sendo que está droga era disponibilizada pelo Governo sem contra indicações. Eles próprios se privavam de sentir essas sensações porque não opinavam, porque o mundo era daquele jeito, ou melhor, foram ensinados a não opinar, a saber, só o que fosse necessário para terem uma vida tranqüila, cômoda, onde tudo era prático, todos gostavam de todos, eram programados a amar o que eram obrigados a fazer, isso significava o segredo da felicidade e da virtude. Não existiam doenças e a morte não era uma palavra que trouxesse desespero, porque eles também já estavam preparados e tranqüilos em relação a morrer.

Todos esses pensamentos, sentimentos, são contestados quando Bernard Marx um Alfa-Mais, indignado por não ter a mesma estrutura fisicamente que os outros Alfa-Mais e revoltado em alguns aspectos dessa sociedade resolve conhecer uma Reserva Selvagem e na volta dessa viagem resolve trazer um cara chamado John, ao qual é tratado como Senhor Selvagem, que conheceram lá para fazer estudos. Porém, John discorda de todos aqueles ensinamentos e tenta ensinar o que é o amor, o que é família, o que é ter uma mãe, o que é ser amado e livre, citando muito em suas palavras Shakespeare. Ele acaba sendo um caso de piada, ridicularizado pelas outras pessoas, que não conseguem entender o que ele tenta explicar. John não consegue se acostumar com essa vida, acha que tudo está errado, os ensinamentos estão errados e acaba fugindo para um lugar longe dessa civilização controlada, louca.

Huxley parece ter adivinhado na época em que publicou o livro que coisas desse livro estariam presentes nos dia atuais. O consumismo elevado das pessoas, ou melhor, como o consumo esta presente na vida das pessoas, para muitas consumir é viver. Em relação ao amor não está muito diferente, a oposição de fato é que se trocar de parceiro muito freqüente “pega mal”, mesmo assim as relações não são duradouras, as pessoas não estão mais se apegando umas as outras, o amor está acabando muito rápido, o que faz ser humanos mais solitários. O uso de drogas para manter o pensamento longe e fugir da realidade dos problemas, a cada ano aumenta o número de usuários, são inúmeras idéias atualíssimas, nesta narrativa da década de 30.

A linguagem no começo é meio estranha, mais depois do terceiro capítulo ela te envolve de uma maneira que a única solução é chegar ao final do livro. Com certeza recomendo, pois além de ser uma leitura agradável, é uma forma de vermos o mundo diferente e isso nos faz pensar, seria melhor esse mundo de Huxley? Seria melhor viver sem saber o que ter uma mãe para nos cuidar e proteger? Em contrapartida viver sem medo das doenças, pobreza, fome e a morte? Deixo a pergunta ao ar, pois é impossível saber sem conhecer, sem testar, no entanto, seria curiosamente intrigante.


Por: Suu. D.

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