quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Outro tipo de mulher nua...


Depois da invenção do photoshop, até a mais insignificante das criaturas vira uma deusa, basta uns retoquezinhos, aqui e ali. Nunca vi tanta mulher nua.
Os sites da internet renovam semanalmente seu estoque de gatas vertiginosas.
O que não falta é candidata para tirar a roupa. Dá uma grana boa.
E o namorado apóia, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor pra quê?

Não sei se os homens estão radiantes com esta multiplicação de peitos e bundas. Infelizes não devem estar, mas duvido que algo que se tornou tão banal ainda enfeitice os que têm mais de 14 anos.
Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade... Emocionalmente.

Nudez pode ter um significado diferente e muito mais intenso.
É assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.
É erótico uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente.
Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos.Aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana.

Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em que sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.Pouco tempo atrás, posar nua ainda era uma excentricidade das artistas, lembro que se esperava com ansiedade a revista que traria um ensaio de Dina Sfat, por exemplo.

- pra citar uma mulher que sempre teve mais o que mostrar além do próprio corpo.
Mas agora não há mais charme nem suspense, estamos na era das mulheres coisificadas, que posam nuas porque consideram um degrau na carreira. Até é. Na maioria das vezes, rumo à decadência. Escadas servem para descer também.Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal, mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior.Mas é o que devemos continuar fazendo.
Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor.

Martha Medeiros

Admirável Mundo Novo


O livro Admirável Mundo Novo é uma ficção de Aldous Huxley publicado em 1932 pela editora Globo. O livro trata de uma sociedade futurista, onde os bebês são projetados geneticamente conforme a necessidade. São divididos por castas, não existe o conceito família, o consumo é elevado, o apego entre as pessoas não acontece e os problemas são resolvidos com apenas um comprimido, ou melhor, uma droga chamada “soma”. Uma sociedade perfeita.

Os bebês quando nasciam de forma genética eram separados por castas (classes), funções e capacidades. Os mais inteligentes eram os Alfas que usavam a cor cinza, em seguida os Betas com a cor amora, depois Gamas com a cor verde, os Deltas usavam a cor caqui e por último os Ípsilon que usavam preto. Sendo que as três últimas castas eram submetidas a um processo chamado Bokanovsky. Esse processo consistia basicamente em uma série de interrupções na criança, onde parte do seu desenvolvimento e capacidades intelectuais era retirados, fazendo-os trabalharem e consumirem sem reclamar por toda a vida.

Nesse mundo, o ser supremo para eles é Henry Ford, “Oh Ford”, ou “Nosso Ford”, a todo o momento era dito por eles. Em admirável Mundo Novo, todos são condicionados a viverem em harmonia, e de fato esse mundo funciona, pois quando pequenos eles escutam todos os dias, várias vezes por dia, frases como “Cada um pertence a todos” , “Mais vale destruir que conservar”, “Quanto mais se remenda, pior fica”, isso fazendo eles sempre consumirem bastante e tornando tudo muito convincente. Família, casamento, união entre duas pessoas, pai, mãe, são palavras nojentas, ignoradas por eles. Desde a infância jogos eróticos são estimulados e tratados como um assunto normal. O amor, o apego é mau visto pela sociedade, por isso ficar com a pessoa muito tempo seria um comportamento anti-social. Nesse caso, citamos uma personagem do livro, Lenina Crowne uma Beta-Mais que estava há quatro meses com Henry Foster um Alfa, na opinião da sua melhor amiga Fanny Crowne uma Beta, era melhor ela dar um tempo e sair com outro cara, pois poderia “pegar” mal se os visem muito tempo juntos.

Um mundo muito organizado, controlado e admirado. Todos eram felizes, eram programados a serem felizes, a consumir excessivamente, a não gostarem da natureza e a tendência para utilizarem o transporte através de um choque que ganhavam quando bebês, as emoções eram cortadas, todas as sensações de amor e paixão banidas, qualquer tipo de relacionamento não existia porque eles não sabiam que poderia existir. Para qualquer problema, depressão, frustração, tristeza, era só tomar o “soma” que passava, sendo que está droga era disponibilizada pelo Governo sem contra indicações. Eles próprios se privavam de sentir essas sensações porque não opinavam, porque o mundo era daquele jeito, ou melhor, foram ensinados a não opinar, a saber, só o que fosse necessário para terem uma vida tranqüila, cômoda, onde tudo era prático, todos gostavam de todos, eram programados a amar o que eram obrigados a fazer, isso significava o segredo da felicidade e da virtude. Não existiam doenças e a morte não era uma palavra que trouxesse desespero, porque eles também já estavam preparados e tranqüilos em relação a morrer.

Todos esses pensamentos, sentimentos, são contestados quando Bernard Marx um Alfa-Mais, indignado por não ter a mesma estrutura fisicamente que os outros Alfa-Mais e revoltado em alguns aspectos dessa sociedade resolve conhecer uma Reserva Selvagem e na volta dessa viagem resolve trazer um cara chamado John, ao qual é tratado como Senhor Selvagem, que conheceram lá para fazer estudos. Porém, John discorda de todos aqueles ensinamentos e tenta ensinar o que é o amor, o que é família, o que é ter uma mãe, o que é ser amado e livre, citando muito em suas palavras Shakespeare. Ele acaba sendo um caso de piada, ridicularizado pelas outras pessoas, que não conseguem entender o que ele tenta explicar. John não consegue se acostumar com essa vida, acha que tudo está errado, os ensinamentos estão errados e acaba fugindo para um lugar longe dessa civilização controlada, louca.

Huxley parece ter adivinhado na época em que publicou o livro que coisas desse livro estariam presentes nos dia atuais. O consumismo elevado das pessoas, ou melhor, como o consumo esta presente na vida das pessoas, para muitas consumir é viver. Em relação ao amor não está muito diferente, a oposição de fato é que se trocar de parceiro muito freqüente “pega mal”, mesmo assim as relações não são duradouras, as pessoas não estão mais se apegando umas as outras, o amor está acabando muito rápido, o que faz ser humanos mais solitários. O uso de drogas para manter o pensamento longe e fugir da realidade dos problemas, a cada ano aumenta o número de usuários, são inúmeras idéias atualíssimas, nesta narrativa da década de 30.

A linguagem no começo é meio estranha, mais depois do terceiro capítulo ela te envolve de uma maneira que a única solução é chegar ao final do livro. Com certeza recomendo, pois além de ser uma leitura agradável, é uma forma de vermos o mundo diferente e isso nos faz pensar, seria melhor esse mundo de Huxley? Seria melhor viver sem saber o que ter uma mãe para nos cuidar e proteger? Em contrapartida viver sem medo das doenças, pobreza, fome e a morte? Deixo a pergunta ao ar, pois é impossível saber sem conhecer, sem testar, no entanto, seria curiosamente intrigante.


Por: Suu. D.

Documentários “Abaixando a máquina” e “War Photographer”.

Nenhuma vida vale uma foto. Fotógrafo não faz demagogia, Fotógrafo faz fotografia. Em meios a essas duas frases nos baseamos no assunto que será tratado, ou seja, Fotojornalismo. Porém não é qualquer tipo de foto, e sim, de tragédias que acontecem no Rio de Janeiro, basicamente ditas, tristezas, dor, perdas. Dois documentários relatam a vida de fotógrafos que se arriscam em meio às guerras, tiroteios, e mortes enfrentando a dura realidade e descobrindo até aonde vai à ética para conseguir uma foto. “Abaixando a máquina” e “War Photographer”.

No primeiro documentário citado, observamos várias cenas, em que perguntas rodeavam nossa cabeça: Bater ou não bater a foto? Deixar a câmera de lado para tentar ajudar? Onde tem violência, policiais, traficantes, sempre há vários fotógrafos. Eles se arriscam suas próprias vidas para conseguirem uma boa foto. Eles ultrapassam qualquer limite de segurança e bem estar. Entre alguns tiros, vão se abaixando, se ajeitando, sem nunca desligar a câmera. As cenas mostradas são chocantes, a ponto de pensar que os fotógrafos são doentes em trabalhar dessa forma. Pois é, mas, são pessoas como quaisquer outras que buscam o pão de cada dia, são trabalhadores em busca do trabalho, porém vivem a vida com mais adrenalina. Acostuma.

A violência carioca sempre existiu, e continua crescendo expressivamente. E isso tudo faz com que os foto jornalistas consigam boas fotos, para depois concorrerem a prêmios. Tudo bem até aí, se eles não invadissem a privacidade das pessoas para conseguir estas fotos. Nesse caso a indignação prevalece, pois em uma perda, em um velório, a família está muito abalada, e ainda ficam expostas as câmeras que não param, para depois todas as pessoas verem sua dor, transpassada para uma foto, onde o mínimo que acontecerá são as pessoas ficarem com “pena” e depois irão esquecer. Há ocasiões que deveriam ser respeitadas, pois a dor e sofrimento para quem perde é incalculável.

O outro documentário é também nesse padrão, a pequena diferença é que James Nachtweyé é realmente um fotógrafo de guerra. Corajoso, que dedica toda a sua vida, nas fotos. Ele relata toda a tragédia, os sofrimentos, guerras, através das fotos, sendo assim um serviço muito duro, têm que ter muito “sangue frio” para conseguir enfrentar toda a violência. James já ganhou muito prêmios por seus documentários e fotos. Mas, e será que tudo isso recompensa, o medo, a insegurança que se passa? Ver uma pessoa morta na capa do jornal, não é nada recompensador. Ver o sofrimento de mães, crianças magérrimas passando fome, não muda nada bater ou não a foto, na verdade é uma tristeza a mais vista.

Por isso, se existe ética para bater fotos, muitos fotógrafos não se importam, entretanto respeitar os limites, e se por no lugar da pessoa seria o mínimo que se poderia fazer. Muitas vezes vale mais ajudar e não bater a foto, do que bater e ficar com peso na consciência. Para finalizar uma frase de Nachtwey "Eu tenho sido uma testemunha, e essas imagens são o meu testemunho. Os eventos que eu deveria ter gravado não pode ser esquecido e não deve ser repetido". Há momentos vividos por esse fotógrafos que jamais serão esquecidos, lágrimas, rostos, sangue, mortes, miséria, sujeira, tudo fica na memória e gravado nas fotos tiradas. Todos esses fotógrafos, por piores intencionados merecem os parabéns, pois esta coragem que demosntram e de não se importarem com o perigo é para poucos.

Por: Suu. D.